VOCÊ NÃO ESTÁ NA PÁGINA PRINCIPAL. CLIQUE AQUI PARA RETORNAR






quinta-feira, agosto 03, 2006

A glória de Cristo Manifesta pelo Mistério de suas Duas Naturezas.

A glória de duas naturezas de Cristo numa única pessoa é tão grande que o mundo incrédulo não pode ver a luz e a beleza que irradiam dela. Muitos hoje negam que Jesus Cristo é o Filho de Deus e Filho do homem ao mesmo tempo. Mas, esta glória que os anjos “anelam perscrutar” (1Pe 1.2). Satanás levantou-se em orgulho contra Deus no céu, e depois tentou destruir os seres humanos na terra, os quais foram feitos à imagem de Deus. Sua grande sabedoria, Deus uniu em Seu Filho ambas as naturezas contra as quais Satanás havia pecado. Cristo, o Deus-homem, triunfou sobre Satanás através de sua morte na cruz. Aqui está o fundamento da Igreja. Deus “suspende aterra sobre o nada” (Jó 26.7). Entretanto, Ele fundou a Sua Igreja nesta rocha inamovível: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16). Este glorioso fato é mencionado em Isaías 9.6: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros, e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”.

Assim como o fogo estava na sarça que Moisés viu, igualmente a plenitude da deidade habitava corporalmente em Cristo, que foi feito carne e habitou entre nós (Ex 3.2; Col 2.9; Jô 1.14). O eterno fogo da natureza divina habitou na sarça da frágil natureza humana, contudo a natureza humana não foi consumida. Então vemos “a benevolência daquele que habitava na sarça” dirigida a nós, pecadores (Dt 33.16). Da mesma forma que foi dito a Moisés para tirar as suas sandálias, nós também devemos tirar de nossos pensamentos todos os desejos e imaginações que procedem de nossa natureza humana decaída, para que pela operação da nossa fé possamos ver a glória de Jesus Cristo. Espero que o que se segue nos mova a buscar de Deus o espírito de sabedoria e revelação para abrir os olhos do nosso entendimento.

1. Estejamos absolutamente certos de que essa glória de Cristo em Suas naturezas divina e humana é o melhor, mais nobre e o mais útil objeto em que podemos pensar. O apóstolo Paulo afirma que todas as outras coisas são apenas perda e quando comparadas com ela, como esterco (Fl 3.8-10). As escrituras falam da estultícia das pessoas em gastar “...o dinheiro naquilo que não é pão, e o produto do seu trabalho naquilo que não pode satisfazer (Is 55.2). Eles fixam seus pensamentos em seus prazeres pecaminosos, e se recusam de olhar para a glória de Cristo. Alguns chegam a ter pensamentos mais elevados sobre as obras da criação de Deus e de Sua benevolência, mas não há glória nessas coisas que se possa comparar com a glória das duas naturezas de Cristo. No Salmo oito, Davi está meditando na
grandeza dos obras de Deus. Isto o faz pensar na pobre e fraca natureza do homem, que parece como nada se comparada àquelas glórias. Então ele começa a admirar a sabedoria, amor e bandade de Deus por exaltar acima de todas as obras da criação a nossa natureza humana que estava em Jesus Cristo. O autor sagrado explica isto em Hebreus 2.5-6.

Como são agradáveis e desejáveis as coisas deste mundo – esposa, filhos, amigos, posses, poder e honra! Mas a pessoa que tem todas estas coisas e também o conhecimento da glória de Cristo dirá: “A quem tenho eu no céu senão a Ti? E na terra não há quem eu deseje além de ti” (Sal 89.6). Apenas uma olhada na gloriosa beleza de Cristo é suficiente para vencer e capturar os nossos corações. Se não estamos olhando com freqüência para Ele, refletindo sobre a Sua glória, é porque as nossa mentes estão muito cheias de pensamentos terrenos. Desta forma, não estamos nos apossando da promessa de que nossos olhos verão o Rei em Sua beleza.

2. Uma das atividades da fé consiste em examinar as Escrituras, porque elas declaram a verdade sobre Cristo (Jô 5.39). Vamos ver a glória de Cristo nas Escrituras de três modos:

a) Por meio de descrições diretas de Sua encarnação e Seu caráter como Deus- homem (Gn 3.15; Sl 2.7-9; 45.2-6; 78.17,18; e 110.1-7; Is 6.1-4; 9.6; Zc 3.8; Jô 1.1-3; Fl 2.6-8; Hb 1.1-3; 2.4-16; Apc 1.17,18).

b) Mediante numerosas profecias, promessas e outras expressões que nos levam a considerar Sua glória.

c) Pelos exemplos de adoração divina que Deus instituiu no Velho Testamento e pelo direto dado a Ele no céu no Novo Testamento. Isaías disse: “Eu vi ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e o seu séqüito enchia o templo” (Is 6.1). Esta visão de Cristo foi tão gloriosa que os serafins (criaturas celestiais que assistem no céu) tiveram que cobrir as suas faces. Contudo, maior ainda foi a glória revelada abertamente nos dias apostólicos! Pedro nos diz que ele e os outros apóstolos foram testemunhas oculares da majestade do Senhor Jesus Cristo. “Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda do nosso Senhor Jesus Cristo, segundo fábulas artificialmente compostas: mas nós mesmos vimos a sua majestade. Porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho Amado, em quem me comprazo” (2Pe 1.16,17). Deveríamos ser como o que procura por todo tipo de pérolas. Quando ele encontra uma de grande preço, vende tudo o que possui para que possa adquiri-la (Mt 13.45-46). Cada verdade das Sagradas Escrituras é uma pérola que nos enriquece espiritualmente, mas quando nos deparamos com a glória de Cristo encontramos tanta alegria que nunca mais desejaremos dispor dessa pérola de grande valor. O gloriosa da Bíblia é que agora ela é a única forma tangível de nos ensinar sobre a glória de Cristo.

3. Devemos meditar frequentemente sobre o conhecimento da glória de Cristo que obtemos na Bíblia. As nossas mentes devem ser espirituais e santas e libertas de todos os cuidados e afeições terrenos. A pessoa que não medita agora com prazer na glória de Cristo nas Escrituras, não terá nenhum desejo de ver aquela glória nos céus. Que tipo de fé e amor têm as pessoas que acham tempo para meditar sobre muitas outras coisas, mas não têm tempo para meditar neste assunto glorioso?

4. Os nossos pensamentos devem se voltar para Cristo sempre que haja uma oportunidade a qualquer hora do dia. Se somos verdadeiros crentes e se a Palavra de Deus está em nossos pensamentos, Cristo está perto de nós (Rm 10.8). Nós O encontraremos pronto para falar conosco e manter comunhão. Ele diz: “Eis que estou a porta e bato: se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo” (Ap 3.20). É verdade que há momentos em que Ele Se retira de nós e não podemos ouvir a Sua voz. E quando isso acontece, não podemos ficar contentes. Devemos ser como a noiva no Cântico de Salomão 3.1-4): “De noite busquei em minha cama aquele a quem ama a minha alma? Apartando-se eu um pouco deles, logo achei aquele a quem ama a minha alma: detive-o, até que o introduzi em casa de minha mãe, na câmara daquela que me gerou”.

A experiência da vida espiritual de um cristão é forte em proporção aos seus pensamentos sobre Cristo que nele habita e seu deleite nEle (Gl 2.20). Se tivermos deixado Cristo ausente de nossas mentes por muito tempo, devemos nos censurar por isso.

5. Todos os nossos pensamentos sobre Cristo e Sua glória devem ser acompanhados de admiração, adoração e ações de graças. Somos convidados a amar o Senhor com toda a nossa alma, mente e força (Mc 12.30). Se somos verdadeiros crentes, a graça de Cristo opera em nossas mentes e almas renovadas e nos ajuda a fazer isso. Na vinda de Cristo como juiz no último dia, os crentes ficarão cheios de uma tremendo sentimento de admiração por Sua gloriosa aparência – “...quando vier para ser glorificado nos seus santos, e para se fazer admirável naquele dia em todos os que crêem” (2Ts 1.10). Essa admiração se transformará em adoração e ações de graças; um exemplo disso é dado em Apocalipse 5.9-13, onde toda a Igreja dos redimidos canta um novo cântico; “E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo, e nação; e para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra. E olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos; e era o número deles milhares de milhares e milhões de milhões, que com grande voz diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e a sabedoria, e força, e honra, e glória e ações e graças. E ouvi a toda criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que está no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre”.

Há algumas pessoas que têm esperança de serem salvos por Cristo e de ver a Sua glória num outro mundo, porém não estão interessados em meditar, pela fé naquela glória neste mundo. Elas são semelhantes a Marta, que estava preocupada com muitas coisas e não com Maria, que escolheu a melhor parte, sentando-se aos pés de Cristo (Lc 10.38-42). Que tais pessoas tomem muito cuidado para que não negligenciem nem desprezem o que deveriam fazer.

Alguns dizem que têm o desejo de contemplar a glória de Cristo pela fé, mas quando começam a considerar essa glória, eles acham que é coisa muito elevada e difícil. Eles ficam maravilhados, à semelhança dos discípulos no Monte da Transfiguração. Amito que a fraqueza de nossas mentes e a nossa falta de habilidade para entender bem a eterna glória de Cristo nos impede de manter os nossos pensamentos numa meditação firma e constante por muito tempo. Aqueles que não têm a prática e habilidade de uma santa meditação em geral não terão a capacidade de meditar neste mistério em particular. Mas, mesmo assim, quando a fé não consegue mais manter abertos os olhos do nosso entendimento para refletir sobre o Sol da Justiça brilhando em Sua beleza, pelo menos, pela fé ainda podemos descansar em santa admiração e amor.