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quinta-feira, setembro 07, 2006

A Promessa de Deus e o Dever Cristão - John Owen

Em Romanos 8.13 o apóstolo Paulo confronta seus leitores com duas maneiras deferentes de se viver.

A primeira é esta: “se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte”.

A segunda – a alternativa é - : “
se pelo Espírito mortificardes os efeitos do corpo, certamente vivereis”.

O propósito deste livro é estudar a segunda destas maneiras de viver.
Começaremos o nosso estudo examinando as cinco palavras ou frases que formam o nosso texto:

EM PRIMEIRO LUGAR, o texto começa com a palavra “SE”. Paulo usa este “se” para indicar a conexão entre mortificar os feitos do corpo e o viver. É como se disséssemos a um homem doente: “se tomar remédio, logo se sentirá melhor”.. Ao homem decente se está fazendo uma promessa de melhoria na sua saúde, desde que siga o conselho que é dado. Da mesma maneira, o “se” do nosso texto nos diz que Deus determinou “mortificar os feitos do corpo” como o meio infalível de conseguirmos
“vida”.

Há uma conexão inquebrável entre verdadeiramente mortificarmos o pecado e a vida eterna. “Se... mortificardes o pecado vivereis!” Aqui está a razão para cumprirmos o dever que Paulo nos prescreve.

EM SEGUNDO LUGAR, a palavra “VÓS” nos diz a quem o dever e a promessa se aplicam. “Vós” se refere a cristãos descritos no verso 1 como “os que estão em Cristo Jesus”.

Refere-se àqueles nos quais o Espírito vive (vs. 10,11). É estupidez e ignorância se esperar que qualquer um, exceto um verdadeiro cristão, desempenhe este dever. Se pensarmos cuidadosamente sobre para quem Paulo está escrevendo e o que ele lhes está dizendo, podemos fazer a seguinte afirmação:

“Os verdadeiros cristãos, que
estão definitivamente livres do poder condenatório do pecado, ainda devem se ocupar durante toda a vida com a mortificação do remanescente poder do pecado.”

EM TERCEIRO LUGAR, a frase “PELO ESPÍRITO” se refere à causa principal ou aos meios para cumprirmos esse dever. O Espírito aqui é o mesmo do vs. 11. Ele vive em nós (v.9) e nos dá vida (v.11). Ele é o Espírito de adoção (v.15) e nos ajuda nas nossas fraquezas (v.26). Todos os outros meios de tentarmos mortificar o pecado são inúteis.

As pessoas podem tentar isso de outras maneiras (Rm 9.30-32). Eles sempre o fizeram e sempre o farão. “Mas esta é a obra do Espírito”, diz Paulo. Só Ele pode realizá-la. Mortificar o pecado na sua própria força, segundo as suas idéias, leva à justiça-própria. Isso é a essência de toda religião falsa.

EM QUARTO LUGAR, a frase, “MORTIFICARDES OS FEITOS DO CORPO” nos apresenta o dever a ser cumprido. Consideremos esta frase perguntando e respondendo três perguntas:

a) O que se entendo por “O CORPO”? é uma outra expressão semelhante, no seu significado, à “natureza pecaminosa” (vs. 3,4,5,8,12 e 13 ). Paulo está enfatizando a diferença entre o Espírito e a natureza pecaminosa. O corpo é o instrumento que o pecado inerente em nós usa para se expressar. Desse modo Paulo usa a expressão “o corpo” para representar a corrupção e a depravação do homem.

b) O que significa “OS FEITOS?” Isto se refere Às ações pecaminosas que uma natureza pecaminosa produz. Em Gálatas 5.19 no qual estes atos são descritos, Paulo nos dá alguns exemplos destes “feitos”. A maior preocupação de Paulo não é com os “feitos” externos mas com suas causas internas. É com desinibido desejo mal, o qual produz os feitos que precisamos lidar radicalmente.

c) O que significa “MORTIFICARDES”? Esta é uma linguagem figurada. Imagine que se mate um animal. Matar um animal é tirar-lhe sua força, seu poder e sua vida de tal maneira que ele não possa mais agir ou fazer o que quiser.

Esta é a figura aqui. A natureza pecaminosa (ou, o pecado remanescente) é comparado a uma pessoa, o “velho eu”, com seus recursos, habilidade, sabedoria, sutiliza, força, etc. Isto, diz-nos Paulo, precisa morrer. Precisa ser morto (mortificado ), ou seja, sua força, poder e vida precisam ser tirados pelo Espírito.

Em certo sentido este é um fato que já ocorreu. Diz-se que o velho eu já está “crucificado com Cristo” (Rm 6.6).”Morremos com Cristo” (Rm 6.8). Isto aconteceu quando nascemos de novo (Rm 6.3-8). Entretanto, cada cristão ainda tem os remanescentes de uma natureza pecaminosa que irão constantemente procurar se expressar. É dever de cada cristão mortificar os remanescentes desta natureza pecaminosa. Isto precisa ser feito continuadamente de modo que aos desejos da natureza pecaminosa não seja dada oportunidade para se expressarem. (Gl 5.16).

FINALMENTE, a frase “VIVEREIS” provê a promessa que é dada pra encorajar os cristãos no seu dever. A vida prometida é o oposto da morte enunciada no caso anterior, “se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte” ( veja também Gl 6.8).

É provável que Paulo tenha em mente tanto a vida espiritual em Cristo como a vida eterna. Todos os cristãos verdadeiros têm esta vida mas podem perder seu gozo, ser conforto e sua força. Num contexto diferente, o apóstolo Paulo escreve: “porque agora vivemos, se é que estais firmados no Senhor” (1 Ts 3.8), isto é, agora a minha vida me fará bem; terei gozo e conforto na minha vida. De modo semelhante, o apóstolo está dizendo aqui: “vocês terão uma vida boa, vigorosa, confortável, e espiritual, enquanto estiverem aqui, e receberão a vida eterna ao final”.

Se tomarmos essa promessa desta maneira teremos mais motivos para realizarmos este dever.

A FORÇA, O PODER, E O GOZO EM NOSSA VIDA ESPIRITUAL DEPENDEM DE MORTIFICARMOS AO ATOS DA NATUREZA PECAMINOSA.